sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

5) Edição Especial - Censura no mundo dos games no Brasil

Essa é uma edição especial. E envolve um assunto que, apesar de remeter ao passado desse país, não é uma coisa de que possamos nos orgulhar ou mesmo de recordar nostálgicamente.

Falo da Censura!!!

Acredito que todos que aocmpanham o mundo dos games saibam da proibição dos Jogos Conter Strike e Everquest no Brasil. Não vou me alongar nos pormenores e nos detalhes dessa proibição (acredito que todos aqui saibam disso). Mas não posso deixar de comentar esse ato no mínimo equivocado. Dessa forma, queria levantar aqui algumas questões, caso algum parente de algum político daqui do Brasil leia esse tópico, ou ainda para que as autoridades cabíveis pensem a respeito. Sei que pode ser pretensão demais achar que o meu post mudará drásticamente essa situação, mas, como gamer desde criança e entusiasta dessa forma de "arte", não posso deixar isso passar em brancas nuvens.

  • Será que as autoridades que tomaram essa decisão não sabem que já temos uma entidade que classifica os jogos de acordo com a faixa etária, assim como acontece nos filmes e nos programas de TV?
  • Será que as autoridades que tomaram essa decisão não sabem que Conter-Strike, de acordo com essa mesma classificação, é recomendado para maiores de 18 anos, e que Everquest não possui distribuição no Brasil?
  • Será que as autoridades que tomaram essa decisão não sabem que, se temos crianças e adolescentes jogando esses jogos, isso é por causa de pessoas que permitem que as crianças joguem?
  • Será que as autoridades que tomaram essa decisão não sabem que, quando o PROCON de Goiás diz que" [Counter Strike] reproduz a guerra entre bandidos e policiais e impressiona pelo realismo", ela se refere a tão famosa expansão cs_rio (feita por brasileiros, e que não é oficial - portanto, não é licenciada pela EA, produtora do jogo)?
  • Será que as autoridades que tomaram essa decisão não sabem que, pelo fato da expansão cs_rio não ser licenciada pela EA, ela não é vendida, e sim "baixada" pela internet?
  • Será que as autoridades que tomaram essa decisão não sabem que essa proibição pode ter justamente o efeito contrário, despertando a curiosidade de várias pessoas sobre esses jogos?
  • Será que as autoridades que tomaram essa decisão não sabem que o mercado de games está cada vez mais adulto, e que, por causa disso, teremos cada vez mais produtos direcionados para um público mais velho (e isso inclui jogos mais violentos e com temática mais adulta)?
  • Será que as autoridades que tomaram essa decisão não sabem que a mesma carga de violência que "traz imanentes estímulos à subversão da ordem social, atentando contra o estado democrático e de direito e contra a segurança pública", é apresentada em vários outros meios, como por exemplo a TV (não temos uma novela no meio de uma favela, com direito a tiroteio, que passa às 21:00) e que são amparadas pela lei (a refereida novela recebeu apenas uma "nova adequação de classificação" - para maiores de 14 anos)?
  • Será que as autoridades que tomaram essa decisão não sabem que inúmeros fatores intrínsecos ou não ao ser humano (como, por exemplo, a convívio social, a educação recebida pelos pais a personalidade, etc.) influenciarão na sua agressividade, e não apenas um jogo?
  • Será que as autoridades que tomaram essa decisão não sabem que é dever principalmente dos pais (e não do governo) determinar o que será consumido ou não pelos filhos, de acordo com a sua faixa etária?
  • Será que as autoridades que tomaram essa decisão fizeram alguma consulta técnica (entre psicólogos, terapeutas, entre a própria sociedade, entre os especialistas de jogos eletrônicos) para tomar essa decisão?
  • E, finalmente, será que as autoridades que tomaram essa decisão não sabem que, enquanto não houver melhoras na educação desse país; enquanto pais não puderem criar seus filhos adequadamente; enquanto tivermos dispariedades tão grnades entre ricos e pobres; enquanto o povo brasileiro não tomar consciência do seu poder (falo do voto); enquanto o povo brasileiro adotar a famosa "Lei de Gérson" (levar vantagem em tudo, sem se importar com o próximo); enquanto a nossa sociedade não sofrer uma mudança drástica, a violência continuará, e não será a proibição de jogos que fará com que ela cesse?
Existem inúmeros outros pontos a se questionar em relação a essa decisão arbitrária, e levaria horas para colocá-los aqui. Mas acredito que esses já são mais do que suficientes para demonstrar o meu ponto de vista em relação a essa decisão. Torço para que todo esse imbróglio tenha um final coerente e que os responsáveis pelas leis pensem um pouco mais sobre essa decisão e os seus efeitos. Se nos, gamers (antigos ou não), desejamos um cenário gamístico para o Brasil tão bom ou até melhor do que os gloriosos anos 80/90, não podemos aceitar decisões como essa.

Feito o desabafo, voltamos com a nossa programação normal!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Perfeito, Silva. Acho essa questão toda de censura, mesmo nos cinemas, uma grande bobagem por tantos pontos que você levantou e, acima de todos, a televisão aberta do país, não só com as novelas como também os filmes e seriados que vemos serem principalmente veiculados num horário em que toda a família brasileira está na sala, como diriam no RockGol. Nem sabia dessa proibição, mas me surpreende saber que ocorreu e eu encontrar uma arma para Wii escancaradamente à venda para outros jgos, com talvez a mesma ou até maior quantidade de tios, em lojas diversas.